quinta-feira, fevereiro 01, 2007

A Página

A página não é a mesma. Mudaram o papel e não me avisaram. Está rijo, o papel; e não absorve a tinta.

As palavras são como aguarelas e a mão que desiludidamente tenta, é outra.

O lugar, este lugar é agora vazio, escuro, sozinho, calado. Tão calado que ouvi os meus próprios passos, quando timidamente entrei.

Já não existem referências, perderam-se os laços; agora tudo é solto, tudo é livre, tudo paira como uma gota de água inesperada que ao cair prolonga a pintura na tela, uma suave e desiludida aguarela.

Deixei a promessa de que um dia voltava, sem aviso, mas que voltava; na verdade sempre pensei que não voltaria mais. Mas aqui estou, de novo, no mesmo lugar que já não é o mesmo.

A página não é a mesma.

E a mão que desiludidamente tenta, é certamente outra.

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